A Igreja e o Poder - A Elite Eclesiástica Brasileira
No Brasil, o catolicismo constituiu-se na religião com o maior número de adeptos. Mesmo aqueles que não frequentam as missas e não recebem os sacramentos acabam por incorporar padrões de comportamento gerados na casa de Pedro. Pensamos "catolicamente". E os bons marqueteiros eleitorais sabem que as mensagens "aderentes" são aquelas que refletem valores e princípios anunciados por Roma.
É curioso, no entanto, que se saiba tão pouco sobre a história da Igreja no país. Ouvimos falar do bispo Sardinha, dos jesuítas, de Anchieta, do padre Vieira e, mais recentemente, dos combatentes humanistas D. Helder Câmara e D. Paulo Evaristo Arns. Quem pesquisar o assunto encontrará lacunas na narração dessa aventura de fé. É o caso do período da República Velha. Muitos pesquisadores ainda acreditam que, em 1890, momento do divórcio entre Estado e Igreja, iniciou-se um longo período de estagnação e inércia da instituição. Trata-se, na verdade, de uma fase rica de transformações, em que a Igreja aprendeu a se organizar corporativamente.
Publicado pela primeira vez em 1988, o livro "A elite Eclesiástica Brasileira", de Sergio Miceli, professor de Sociologia na USP, revela que nesses 40 anos, ou seja, até 1930, os prelados lograram êxitos em diversas frentes: estabeleceram fontes de receita, recuperaram patrimônio imobiliário, construíram e aprimoraram casas de formação e seminários, ampliaram a presença territorial da "organização", criaram uma rede de serviços educacionais e profissionalizaram suas equipes de trabalho. Esse árduo trabalho ergueu as bases para que a Igreja se reestruturasse enquanto empreendimento e pudesse, já a partir da década de 1930, reassumir um lugar de importância na vida política nacional.
Durante a vigência do regime do padroado, o poder temporal avançou sobre os assuntos eclesiásticos, ingerência que foi ampliada no Segundo Reinado. Em 1855, por exemplo, proibiu-se a admissão de noviços pelas ordens religiosas. Sete anos depois, impediu-se o ingresso no país de brasileiros ordenados no exterior. Por quase um século, não foram criados seminários no Brasil, e o governo exercia rígido controle sobre os conteúdos curriculares nas casas de formação.
<>
No Brasil, o catolicismo constituiu-se na religião com o maior número de adeptos. Mesmo aqueles que não frequentam as missas e não recebem os sacramentos acabam por incorporar padrões de comportamento gerados na casa de Pedro. Pensamos "catolicamente". E os bons marqueteiros eleitorais sabem que as mensagens "aderentes" são aquelas que refletem valores e princípios anunciados por Roma.
É curioso, no entanto, que se saiba tão pouco sobre a história da Igreja no país. Ouvimos falar do bispo Sardinha, dos jesuítas, de Anchieta, do padre Vieira e, mais recentemente, dos combatentes humanistas D. Helder Câmara e D. Paulo Evaristo Arns. Quem pesquisar o assunto encontrará lacunas na narração dessa aventura de fé. É o caso do período da República Velha. Muitos pesquisadores ainda acreditam que, em 1890, momento do divórcio entre Estado e Igreja, iniciou-se um longo período de estagnação e inércia da instituição. Trata-se, na verdade, de uma fase rica de transformações, em que a Igreja aprendeu a se organizar corporativamente.
Publicado pela primeira vez em 1988, o livro "A elite Eclesiástica Brasileira", de Sergio Miceli, professor de Sociologia na USP, revela que nesses 40 anos, ou seja, até 1930, os prelados lograram êxitos em diversas frentes: estabeleceram fontes de receita, recuperaram patrimônio imobiliário, construíram e aprimoraram casas de formação e seminários, ampliaram a presença territorial da "organização", criaram uma rede de serviços educacionais e profissionalizaram suas equipes de trabalho. Esse árduo trabalho ergueu as bases para que a Igreja se reestruturasse enquanto empreendimento e pudesse, já a partir da década de 1930, reassumir um lugar de importância na vida política nacional.
Durante a vigência do regime do padroado, o poder temporal avançou sobre os assuntos eclesiásticos, ingerência que foi ampliada no Segundo Reinado. Em 1855, por exemplo, proibiu-se a admissão de noviços pelas ordens religiosas. Sete anos depois, impediu-se o ingresso no país de brasileiros ordenados no exterior. Por quase um século, não foram criados seminários no Brasil, e o governo exercia rígido controle sobre os conteúdos curriculares nas casas de formação.
<>
Nenhum comentário:
Postar um comentário